A Colonização do Brasil é o nome do processo de povoamento, exploração e dominação realizado pelos portugueses a partir do século XVI nas atuais terras brasileiras. Tem início com a chegada dos colonizadores à nova terra, habitada por numerosas nações indígenas.
Não se deve confundir a colonização do Brasil com a época do Brasil Colônia,
visto que o processo de povoar e desenvolver o território começou antes
e foi além da ocupação portuguesa, desde os índios até os imigrantes
recentes.
Os povos ameríndios
teriam sido os primeiros colonizadores (no sentido de que se propagaram
pelo território). Sua origem ainda não foi plenamente esclarecida, mas
a opinião mais aceita é de que descenderiam de antigas raças asiáticas e da Oceania que teriam chegado à América pelo estreito de Behring ou pela navegação no Oceano Pacífico.
A princípio os portugueses acreditavam que os índios pertenciam ao
mesmo grupo social. Após algum tempo, percebeu-se que havia diferenças
significativas: os grupos tupis possuíam uma organização social mais complexa e falavam uma mesma língua. Os tapuias habitavam o interior.
Hoje se diz que os índios do Brasil podiam ser divididos em quatro grande grupos étnicos: os tupi-guaranis, os tapuias (ou jês), os nu-aruaques e os caraíbas.
Todas estas nações indígenas, embora tivessem suas estruturas políticas distintas em relação às civilizações do México, da Bolívia e do Peru
(que constituíram-se em impérios) e, não opondo ao colonizador
português a resistência que essas haviam oposto ao espanhol, deixaram
como legado milhares de novas palavras ao vocabulário da língua portuguesa hoje falada no Brasil.
Muitos topônimos são originários da língua dos índios: os nomes de vários Estados (Amapá, Ceará, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí), de numerosas cidades (Caraguatatuba, Carapicuíba, Embu, Itamarandiba, Itaquaquecetuba, Paranapiacaba etc.), de acidentes geográficos (Anhangabaú, Itapeva, Urubuqueçaba, Itacolomi) e de animais (jaguatirica, urubu, tapir, siriema, jacutinga) tem como origem a cultura indígena, provando sua força.
O processo de colonização do Brasil foi conseqüência do já
desenvolvido processo de expansão marítima realizado pelos portugueses.
Durante o século XV, os portugueses ocuparam regiões estratégicas da
Ásia e da África que poderiam ser utilizadas como foco de expansão
comercial. Posteriormente, o controle dessas áreas abrira espaço para
que as primeiras práticas colonizadoras fossem empreendidas nas Ilhas
de Açores e Madeira.
A conquista de rotas comerciais com o Oriente, tido até então
principal área de fluxo comercial das nações européias, fez com que a
descoberta das terras brasileiras não fosse de muito interesse para a
Coroa. Nos primeiros trinta anos de colonização, as únicas atividades
se limitavam a realizar a extração do pau-brasil nas regiões litorâneas
do país. Tal empreendimento contava com a colaboração dos índios, que
em troca de alguns produtos e utensílios, realizavam a derrubada e o
armazenamento da madeira.
No entanto, o repúdio de algumas nações contra o monopólio ibérico
sobre a exploração das terras americanas viria a transformar esse
quadro. Nações como a França e a Holanda reivindicavam a adoção do
princípio de uti possidetis para que os territórios coloniais fossem
devidamente demarcados. Ao mesmo tempo em que protestavam, essas nações
ameaçavam a hegemonia lusitana em terras brasileiras com o envio de
expedições de reconhecimento do território tupiniquim.
Tais ameaças fizeram com que a política colonial portuguesa fosse
modificada. No ano de 1530, o expedicionário Martim Afonso de Sousa
fundou o primeiro centro de exploração colonial no litoral do atual
Estado de São Paulo. Essa primeira ocupação deu origem à Vila de São
Vicente que, tempos depois, teria a companhia de outros focos de
ocupação localizados na região do Planalto de Piratininga. Muitos dos
primeiros habitantes eram degredados e desertores que viviam
marginalizados no Velho Continente.
A partir de então, a administração colonial contou com um primeiro
sistema de distribuição organizado por meio da divisão do território.
Essa divisão deu origem às chamadas capitanias hereditárias, grande
extensões de terra que eram doadas para nobres, burocratas ou
comerciantes influentes dentro da Corte lusitana. Aquele que recebia
alguma capitania era chamado de donatário e teria que cumprir com os
princípios estabelecidos por dois documentos legais: a Carta de Doação
e o Foral.
Esse primeiro sistema de controle e povoamento da colônia brasileira
acabou não tendo grandes resultados. Com isso, os portugueses
resolveram implantar um novo sistema administrativo mais centralizado e
composto por representantes diretos do poder metropolitano. Foi daí que
surgiu o chamado governo-geral, um governador nomeado pelo rei deveria
tomar medidas em favor da criação de vilas, a exploração econômica das
terras e o combate aos piratas e contrabandistas.
Para dar conta de tantas funções, o governador-geral contava com o
apoio de um corpo de funcionários. Para tratar das questões de justiça
havia a figura do ouvidor-mor; os recursos financeiros levantados pela
atividade colonial e a arrecadação de impostos era responsabilidade do
provedor-mor; e o capitão-mor combatia os invasores e criminosos do
ambiente colonial. A primeira cidade escolhida para abrigar o
governo-geral foi Salvador, considerada a primeira capital do Brasil.
Além de contar com o interesse da Coroa, a colonização também se
desenvolveu graças à ação dos missionários da Ordem de Jesus. Os padres
jesuítas vinham para o Brasil com objetivo de catequizar as populações
nativas e, por meio de sua ação, acabavam dando uma justificativa
religiosa à presença dos portugueses em terras distantes. A
disseminação do cristianismo acabava dando sustentação a toda
exploração e expropriação praticadas nesse tempo.
Dessa maneira, dava-se início a um dos mais longos períodos da
história brasileira. Ao longo de quatro séculos, os portugueses
empreenderam negócios rentáveis à custa de uma estrutura administrativa
centralizada e voltada para os exclusivos interesses da metrópole.
Muitas das feições sociais, políticas, econômicas e culturais assumidas
pelo Brasil na atualidade são fruto desse longo período histórico.
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